Este oficial do exército americano recusou-se a ir para o Iraque e explica porquê nesta nesta entrevista. Não a li toda de um ponta à outra, mas várias respostas soltas levam-me a pensar que esta é uma boa entrevista para compreendermos melhor a visão de muitos soldados americanos sobre a guerra no Iraque, a Administração Bush e a reacção da sociedade americana a ambos.
Já agora, destaco a seguinte frase, porque é um soldado de carreira que a diz. Para mim, espelha bem a decadência moral e ideológica da postura actual dos Estados Unidos face à utilização das suas forças armadas:
“You know I think that John Murtha came out a few months ago in an interview and he was asked if, with all his experience, in Korea, and Vietnam, volunteering for those wars -- he was asked if he would join the military today. And he said absolutely not. And I think that with the knowledge that I have now, I agree. I would not join the military because I would be forced into a position where I would be ordered to do something that is wrong. It is illegal and immoral. And I would be put into a situation as a soldier to be abused and misused by those in power.”
É evidente que nenhum Estado age por altruísmo. Várias leituras, pensamentos e diálogos (especialmente com o meu amigo e futuro especialista de Relações Internacionais, canetas) levaram-me a compreender que os Estados agem por interesse próprio e defesa dos seus cidadãos face aos cidadãos de outros Estados. Altruísmo e solidariedade inter-estadual (no sentido: um Estado face a outro Estado) são conceitos praticamente inexistentes. Pensar, por exemplo, que há algum interesse americano em fazer o povo iraquiano feliz com a democracia, é um erro quase infantil. Os EUA querem democracia no Iraque por muitas razões de segurança e ordem internacional em seu próprio benefício. Ponto final. É o mesmo que o apoio português ao desenvolvimento dos PALOP: serve para ajudar os empresários portugueses a encontrarem novas oportunidades em mercados em expansão. Não estou com isto a assumir uma posição crítica, pois a verdade é que se o Estado não protege os cidadãos, ninguém protege. Porém, chamo a atenção para esse debate que todo o cidadão de qualquer estado se coloca: Eu ou o outro?
Por exemplo – e mais uma vez pegando num texto recomendado por canetas, se bem que enfocado noutro exemplo – quando o Governo português recebe o primeiro-ministro chinês e uma onda de protestos de activistas a favor dos direitos humanos se levanta, somos tentados a criticar Portugal por pactuar com o primeiro-ministro de um país que não os respeita. Mas depois percebemos que se não tivermos boas relações comerciais com a China, somos nós próprios – cidadãos portugueses – que sairemos prejudicados. E então percebemos: face a uma escolha, eu, português, escolho primeiro o melhor para mim e só depois o melhor para os chineses. No limite: Eu, Luís, escolho o melhor para mim e depois para o resto das pessoas. Na génese: se só poder sobreviver um, sobrevivo eu.
É esse o papel do Estado, e é essa a justificação para as intervenções americanas pelo Mundo: custam vidas alheias, mas protegem vidas americanas.
Certo ou errado, cada um julgue por si. A entrevista do Lt. Watada ajuda.
Wednesday, January 03, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
So coloquei o post neste comment para nao passar tao despercebido se o pusesse no video dos yyy's.
O video é feito por um amador mas acho que é melhor musico que qualquer um desse grupo.
PS-a musica é boa e vejam até ao fim.
http://www.youtube.com/watch?v=Ddn4MGaS3N4
é bom, mas até a Karen O é mais gira !
aceitei a tua sugestão de comentar aqui no blogue. Concordo com quase tudo o que disseste, só não acho que a questão seja só a segurança nacional dos E.U.A., a menos que isso inclua a sua economia.
Quanto ao cinismo das relações internacionais, não podia concordar mais, basta dizer que quando foi feito o tribunal internacional para julgar crimes de guerra, os E.U.A. pôs uma clausula que tão simplesmente excluia qualquer americano...
Post a Comment