Tuesday, April 24, 2007

Salvar a Democracia - Brainstorming

Acabei de ter uma ideia para salvar a democracia, que já vem amadurecendo na minha cabeça desde há alguns anos mas só agora ganhou finalmente forma. Como não me quero esquecer, vou despachá-la para aqui na sua forma mais bruta - acabadinha de sair da minha cabeça.

Proponho excluir da eligibilidade para cargos públicos* pessoas filiadas nos partidos políticos e definir níveis curriculares mínimos para cada cargo.

Por exemplo 30 anos de prática de medicina e uma pós-graduação em gestão de hospitais para o Ministro da Saúde, ou 20 anos de Gestão de empresas privadas e um PHD em Macroeconomia para o Ministro da Economia, ou 10 anos de actividade social para o Ministro da Solidariedade, ou 30 anos de experiência bancária e um MBA em gestão para um Administrador da Caixa Geral de Depósitos. Por exemplo.

Assim, passaríamos, finalmente, a ter pessoas competentes a gerir o dinheiro que suamos com os nossos impostos.

Isto porque quem tivesse realmente ambição de poder não precisava de subir na escada partidária para chegar a cargos de topo dentro aparelho estatal. Os partidos continuariam a ser as associações de incompetentes que são, mas o verdadeiro poder estaria na mão de profissionais independentes com capacidades técnicas nos vários ramos sociais e científicos.

(É por certo uma ideia aparentemente disparatada, especialmente se acolhida com o estado de cepticismo e impotência com que os cidadãos desta podre democracia que é a nossa agem hoje em dia, mas se tantos incompetentes nepotistas e corruptos conseguem ser ministros e administradores, não acredito que os restantes 10 milhões e tal de cidadãos do país que lhes alimentam os luxos estejam de tal modo adormecidos que não estejam dispostos a encetar uma silenciosa revolução a favor da honestidade e da competência na gestão das suas próprias vidas.)

(Essa revolução nasce da insatisfação das pessoas e toma forma no momento em que os cidadãos comuns compreenderem que a podridão partidária não é uma couraça de aço indestrutível, mas antes uma associação de gente pouco inteligente, muito menos inteligente, aliás, do que quem está de fora. E muito menos numerosa.)

*Ministérios, Secretarias de Estado, Administração de empresas públicas, Presidência de Institutos Agências e Fundações Estatais

9 comments:

rosé mari said...

num mundo perfeito e altruísta seria uma óptima ideia, but then again, num mundo perfeito e altruísta essa regra não seria necessária porque as pessoas votariam no candidado mais qualificado, sendo que à partida só aqueles que se julgassem competentes se candidatariam.

o problema da ideia é que os cargos públicos pagam mal, sobretudo para as pessoas teoricamente mais qualificadas para tal tarefa, que recebem tranquilamente 10 vezes mais por mês que um PM, na maior parte dos casos com 1/10 da exposição pública e assédio da imprensa. Basicamente, o patriotismo e altruísmo não compensam, para grande parte das pessoas, o mais-que-provável sacrifício da sua saúde, financeira, física e psicológica.

a única coisa que podemos fazer é sonhar que exista alguém inteligente, tão desinteressado pelo poder quanto a sua natureza humana o permita, e que tenha o sonho/desejo de ser político e realmente pôr-se ao serviço do país durante 4 anos da sua vida, quando já estiver confortável economicamente. sonhar nunca fez mal a ninguém...

makoka said...

Tendo em conta aquilo que foi dito pelo "ze maria", eu também acho que é complicado ser posto em prática! Realmente as pessoas mais competentes e capazes preferem ir ganhar dinheiro a servir a pátria (onde são efectivamente mal pagos).

No entanto acho que, e olhando para o caso de Inglaterra, é concretizavel. Para alguém chegar ao cargo de juíz precisa de, pelo menos, 10 anos de treino em advocacia (para se provar a sua competência). Olhando para o caso de Portugal, em que a certa altura já não havia Juízes e os mesmos acabaram por sair das caixas do Pingo Doce...enfim, é facil de perceber o atraso!

Para tudo é preciso esforco, dedicação e neste caso algum patriotismo. Claro que a ideia está simples, mas era preciso que mais gente tivesse ideias como esta para que finalmente Portugal pudesse começar a pensar em andar para a frente!

Nomyia said...

Pergunta: Tendo em conta que grande parte da população empregada na função pública tem apenas o 4o ano ou pouco mais que se lhes faz?
*****

El-Gee said...

Se o problema é dinheiro, pode-se pagar mais aos cargos públicos. Nao vejo razao para se pagar tao mal aos politicos e gestores publicos.

Alias, se fossem geridos por gente honesta, roubava-se menos e, como tal, sobraria mais dinheiro para pagar aos politicos.

E mais: melhor gestao e melhores politicos trazem maior rigor as empresas publicas, e melhor rigor traz melhores contas, isto é, mais lucros ou menos prejuizos.

xavier said...

LG, conseguirá a qualificação profissional garantir o rigor, a independência e a idoneidade necessário para assumir tais funções? Acho que se trata mais de uma alteração de valores do que qualificação profissional! Por muito qualificada que seja uma pessoa se não pautar os seus actos pelos mais altos valores, acho que nada se alterará…

xavier said...

LG, espreita: http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/20070425-Cavaco+Silva+defende+democracia+com+mais+qualidade.htm

rosé mari said...

sou completamente apologista da subida dos rendimentos dos cargos públicos mais importantes!

xavier said...

tambem eu.
isso levara a ter melhores pessoas nos mais altos cargos públicos. nao deve ser por o que se pensam ser boas pessoas nesses cargos. tem de ser dar motivação para que as pessoas queiram assumir essas funções!

Unknown said...

Como sempre demonstras ser um produto do meio em que nasceste sem te aperceberes.

Desde quando é que diplomas garantem qualidade? Ainda bem que o Socrates é engenheiro...

A democracia é o que o povo que e não o que tu achas melhor, daí não se poder limitar cargos politicos a elites. Se já o curso superior é impossivel para muita gente que quer quanto mais mestrados e doutoramentos?

Tens a certeza de que andaste a ver o mundo, ou andaste a tirar fotografias?