Sunday, July 09, 2006

Caro Director..

...do DN, obrigado por ter publicado esta minha carta (só foi pena ter deixado de fora o último parágrafo).


"Caro Director,

É com enorme espanto que vejo a imprensa tratar tão afincadamente as razões que levaram à demissão do ex-MNE Freitas do Amaral (o cansaço como desculpa para as clivagens internas entre Freitas e o PS profundo) esquecendo-se de uma questão de fundo muito mais grave, que são as verdadeiras motivações do Professor.

Eu pergunto: será que antes de tomar posse, Freitas não sabia do seu próprio estado de saúde, das exigências do cargo e dos conflitos internos no PS? A meu ver, é impossível não saber e, como homem inteligente e experiente que é, não ter ponderado estes factores.

Então, se o fez, terá medido os riscos (pessoais e institucionais) da missão que ia aceitar e, como político experiente, teria (e terá) também noção das responsabilidade inerentes ao cargo de MNE e da importância da estabilidade num Governo de um país em profunda crise de confiança. Somando dois mais dois, saberia então também que não tinha estofo físico para aguentar o cargo – ou ficou cansado de um ano para o outro?

Assim sendo, só posso concluir que a demissão de Freitas estaria já ponderada pelo próprio desde o início como um acontecimento possível e não pode – jamais – ter sido uma decisão espontânea ou decidida em cima do joelho. Ou isso, ou então Freitas não conhece o seu corpo ou não conhecia as funções de MNE antes de tomar posse (ambas as hipóteses graves e improváveis)

Como tal, fico estupefacto perante a leviandade com que Freitas do Amaral tratou o cargo de Ministro (isto é: tratou os portugueses), assumindo-o – diria eu – quase por vaidade do que por serviço público. Caso contrário, como explicar que se demita passado um ano por “cansaço”? (Imagino o que seria se um administrador de uma empresa privada deixasse um projecto a meio por cansaço!)

Quem dera a muita gente deixar de trabalhar por cansaço. No caso de um Ministro, esta atitude é tanto mais desrespeitadora dos portugueses, quanto é importante o cargo de MNE e a sua estabilidade.

Pelos vistos, pode-se brincar aos ministros. E se assim é, fico a pensar: será que se pode brincar a tudo o que é público?"

1 comment:

m said...

na Somália diz que sim lol