Thursday, February 12, 2009
Fim
Este blog já nao é a melhor maneira de dizer o que tenho para dizer. Às tantas, as coisas mudam, e com elas o blog acaba.
Monday, February 09, 2009
um post que felizmente nao é novidade nenhuma
Há que (todos) ler isto com urgencia, antes que seja tarde demais. É uma calamidade ter lido isto aos 25 anos. (Felizmente, de consciencia tranquila.)
"Lucille would never understand me because I like too many things and get all confused and hung-up running from one falling star to another till I drop"
Yass!! Yass!!
etc
Saturday, February 07, 2009
Gil
aINDA mAGDA
Uma antiga suspeita da maioria dos meus, sempre atentos, leitores confirmou-se ontem, para espanto da minha ingénua visao da vida: a Magda gosta de mim. (O que é uma ganda merda, claro.)
É incrivel o sucesso que "O caso Magda" tem feito com amigos e desconhecidos, e parece-me fazer-vos a todos muito felizes saber que mais um episódio se processou ontem à noite, nomeadamente por volta das duas da manha, hora a que a maioria de voces estava a trabalhar.
Acontence que fomos todos sair (o Pete, a Kate, eu e a Magda, mais algumas amigas do Pete) e, as tantas, o pobre Pete tentou beijar a Kate, que lhe deu com os pes, pelo que o desgracado se comecou a sentir mal ali no meio e decidiu abalar com as amigas para outro lugar, deixando-me a mim com a Kate e com a Magda, isto é, nem sozinho nem bem acompanhado.
Obviamente que no mesmo minuto fugi dali tambem eu, mas por essa altura o Pete e as outras ja estavam num taxi, pelo que acabei noutro bar ali ao lado, onde por sorte encontrei uns amigos, e etc e coiso e agora tou com uma ressaca do caracas.
Ora bem, a melga da Magda pegou na Kate e andaram desesperadas a minha procura (5 chamadas propositadamente nao atendidas) e, falhando no seu objectivo de me encontrarem, decidiram ir ter com o infeliz Pete a outra discoteca. Mal o viu (e o que sei disto contou-me o Pete hoje), a Magda desatou num pranto desmedido por eu nao estar la, aos berros a dizer que quando saia comigo queria voltar para casa comigo (meu deus), e que nao me queria deixar sozinho, e mais nao sei o que, e tal e tal tal, enfim, o eterno drama da mulher bebada. Eu tar ali ou nao tar equivale a rasgar um collant, ou encontrar uma gaja com o mesmo vestido na mesma festa, ou pingar o vestido de noiva com chocolate no dia do casamento, enfim, eu nao tar ali foi um drama de sete avenidas.
Agora, segundo o Pete, a Magda vingou-se desta coisa toda ao agarrar-se a um mamarracho qualquer na pista de danca, com quem dez minutos depois estava a sair da discoteca, mostrando-nos a todos quao respeitável é e quao nobres sao os seus sentimentos por mim. Melhor que tudo, o Pete disse-me que o tipo "era um bocado gordo", tendo depois confirmado que era "um bocado mais magro que o Michael" quando eu lhe perguntei "quao gordo?".
O Michael é um chines de 95 kilos que trabalha comigo e com o Pete.
(Ja agora, a titulo puramente informativo, acrescento que tem um bigode ralo e fuma cigarros de mentol, mas nao sei se o gajo da Magda tambem partilha estas duas singulares caracteristicas.)
Eu, por mim, dormi sozinho e, alias, nada bem, mas isso nao interessa nada, como, alias, a Magda tambem nao interessa.
Estou um bocado desiludido por ela me achar piada porque agora vou passar a sentir-me mal por nao a tratar bem, ja que uma coisa era dar para tras a uma amizade e outra coisa é estar a magoá-la.
Pior que isto tudo, é que, ja se sabe, quanto mais lhe der para tras agora mais ela se vai ameixoar, a menos que, com sorte, o tipo "um bocado mais magro que o Michael" tenha tratado dela com o devido rigor e, ao contrario de mim, esteja interessado em passar tempo com a pobre Magda que, alias, em peso, se nao equivalente, é pelo menos um fiel competidora.
Wednesday, February 04, 2009
tax breaks for car purchases!!!
"The cost of President Barack Obama's economic recovery plan is now above $900 billion after the Senate added money for medical research and tax breaks for car purchases. (...) In a victory for auto manufacturers and dealers, Sen. Barbara Mikulski, D-Md., won a 71-26 vote to allow most car buyers to claim an income tax deduction for sales taxes paid on new autos and interest payments on car loans. The break would cost $11 billion over the coming decade but could mean savings of $1,500 on a $25,000 car." (Yahoo! News)
Nao é maravilhoso isto? Parece uma brincadeira.
Monday, February 02, 2009
Solidao (all gone slow motion)
Num ano que comecou em euforia e se tem mantido em altos niveis de entusiasmo, este foi o primeiro momento verdadeiramente triste:
É um momento de solidao tao profunda que eu próprio ia chorando, se todo o líquido do meu corpo nao estivesse naquele momento a suar pelas costas abaixo numa quente noite em Bangkok.
É tao triste ver um grande atleta como o Federer desesperadamente, torneio apos torneio, a tentar regressar a numero 1 do Mundo, e já nao conseguir!
Com 27 anos, supostamente no pico da carreira, um jogador soberbo, o melhor jogador que o Mundo viu durante anos a fio, ainda um grande jogador, a anos-luz de qualquer terceiro melhor, ainda a jogar quase tao bem como sempre jogou, ainda a treinar como um doido, ainda jovem, ainda a querer ganhar, a querer chegar lá, e sem conseguir!
Que difícil e solitária é a rota de Federer, sabendo que já foi de longe o melhor de todos e que, apesar de ainda ser espantoso, já nao é o melhor e provavelmente já nao vai conseguir!!
É terrível. Luta e luta e luta, mas alguém mais novo, mais forte e com mais energia já nao o deixa voltar lá. Nao é horrível? Um jogador no topo de forma, esmagadoramente superior a qualquer outro excepto um, jovem e com anos de ténis pela frente, já nao chega ao topo!, porque apareceu um que mesmo que nao seja melhor, é mais forte!
O Federer nao é um numero dois. Um jogador que foi durante anos e anos e anos numero um, odeia ser numero dois!
Tudo o que ele mais deseja é voltar a ser numero um. Tem 3 ou 4 anos de ténis pela frente, nao é velho nenhum, é um atleta perfeito na forca da idade, mas, apesar de tudo é demasiado velho, parece demasiado velho.
Que solidao. Treinar todos os dias, dar o maximo, saber que limpa qualquer um menos um, e que esse um nunca mais o vai deixar voltar a ser o primeiro. Tres ou quatro anos de treino duro duro duro, a limpar tudo e todos e a saber, a cada dia que passa, que provavelmente nao vai chegar nunca mais ao topo.
Um atleta de topo, a treinar a niveis de topo, sem conseguir chegar ao topo.
É de uma tristeza avassaladora. "God, it's killing me!"
It's killing me!, e corroi-se todo por dentro, em frente a milhoes de pessoas, olha para ele proprio e parece perguntar "O que é que eu posso fazer para ganhar a este gajo!"
Parece um fim de carreira. Parece aqueles grandes desportistas que se mantém em competicao já meio envelhecidos, e devagarinho vao fazendo menos resultados, até desaparecerem sob uma última e comovida ovacao. Faz-me lembrar o Agassi, aos 35 anos - ainda a jogar, a fazer meias-finais e finais, e a despedir-se quando já nao dava para mais.
Sinto uma agonia enorme ao olhar para o Federer e pensar que, na cabeca dele, provavelmente continuar no tenis faz cada vez menos sentido - lutar todos os dias e a cada que passa, ficar mais longe do único lugar onde ele realmente cabe, que é como numero um.
Acho que neste post o Maradona tem imensa razao quando diz que "o que estamos a observar entre o Federer e o Nadal é, talvez, o que seria inevitável acontecer se todas as décadas fossem beneficiadas por dois inigualáveis jogadores de ténis separados por 5 anos de diferença."
O Nadal também teve a sua dificil escalada, muito dificil, também ela por certo com momentos de dúvida e frustracao, de eterno numero dois e not good enough; mas apesar de tudo isso foi na fase ascendente da carreira dele, e a solidao do Federer é no topo da carreira, ou no que parece ser um ocaso antecipado.
É uma tristeza. Uma tristeza. Agora que, depois dos horários australianos me desabituei de ver futebol, a única história desportiva que me realmente interessa é a do Federer; que é, já agora acrescento, o meu jogador preferido desde uma batalha infindável com o Tommy Haas no Austalian Open de 2002, ainda era ele numero 13 do Mundo.
Tuesday, January 27, 2009
^´`~
Tenho vindo a reparar que este blog utiliza uma acentuacao totalmente livre: tanto usa como omite os acentos essenciais na lingua portuguesa. Ou língua. Mas nunca se engana. (Nunca escreve lìngua.) E (é) (nao "è") um blog incrivelmente correcto, mas preguicoso.
Nota adicional: qual o futuro da cedilha?
Ne, aus Wuppertal!
Da minha (relativamente pobre) experiencia cinematografica, destaco este como momento preferido:
Monday, January 26, 2009
Sergi
Uma certa nostalgia da geracao de grandes tenistas espanhois em redor do fim anos 90 (de Bruguera a Corretja e Moya, mais alguns outros) e da forma como lutavam ate ao ultimo milimetro por cada bola, com a frieza profissional que a geracao lutadora seguinte (os argentinos) nao conseguiu dominar, surge ao ver Verdasco, embora se manifeste em piso-rapido.
Depois de anos e anos a formar uma opiniao, penso que
A unica explicacao que pode haver para o consistente mau-gosto na roupa no Nadal - tao, consistente, alas, que exclui, por obscena, a hipotese de nao ser pre-meditado - é a Nike estar a utiliza-lo como porta-estandarte da marca para o segmento popularuxo do mercado, nomeadamente a classe social media-baixa com os recursos medio-altos necessários para comprar aquelas roupas, isto é, pequenos criminosos de rua e filhos de prostitutas bem estabelecidas.
'I just won't sleep,' I decided. There were so many other interesting things to do.
Estava embrenhado na pequena loucura que On the Road provavelmente se vai revelar, quando uma frase me saltou pelos olhos acima, e desde aí já a reli até me doerem as pupilas -
Eis Sal Paradise, ou Jack Kerouac, acabado de chegar a Denver, sem um tostao mas cheio de amigos, doido por se deixar levar no vastamente americano sonho de sexo, jazz e whisky, depois de dias e dias a acumular entusiasmo e vida à boleia desde Nova Iorque:
"We found a man in the markets that agreed to hire both of us; work started at four o'clock in the morning and went till six p.m. The man said 'I like boys who like to work.' 'You've got your man,' said Eddie, but I wasn't so sure about myself. 'I just won't sleep,' I decided. There were so many other interesting things to do."
Nao estou sozinho.
sOLIDAO
E eis como a Magda, depois de uma noite, uma manha e uma tarde de silencio, ganha o Premio Persistencia 2009:
18.00: Ola, queres ir jantar a qualquer lado?
Sunday, January 25, 2009
Australia vs Australia
Ocorre-me que a Cate Blanchett é tudo o que a Nicole Kidman é, mas com classe. Ou vice-versa. A Nicole Kidman é tudo o que a Cate Blanchett é, mas em reles.
(Meu Deus, que mulher maravilhosa)
pOBRE mAGDA
A Magda tem as unhas dos pés pintadas de castanho-escuro. É inadmissivel.
Conversa de elevador depois de irmos jantar com o Pete (ela mora no 12º andar e eu no 10º) :
1.-2. andar: silêncio
3. andar: Queres ir almocar amanha? (Magda)
4.-5. andar: silêncio
6. andar: Possivelmente.. (Eu)
7. andar: Telefona-me quando acordares.. (Magda)
8.-9. andar: silêncio
10. andar: Telefonas? (Magda)
Saí do elevador.
Uma desgraca
É uma tragédia de proporcoes dificilmente tragáveis que mais um grande autor tenha vendido os direitos de mais um grande livro para mais um filme.
Como é que um Premio Nobel da Literatura pode fazer uma coisa destas? Onde é que fica a dignidade artística de um grande autor que vende os direitos da sua obra para filme?
Um jovem autor em inicio de carreira, va la, as vezes tem de sacrificar essa dignidade por motivos financeiros ou como forma de se projectar, mas um tipo de 70 anos, consagrado, lido por milhoes, venerado, supostamente orgulhoso do seu legado, porque faz uma coisa destas?
Será por vaidade? Será que alguns grandes autores consideram um privilégio ver a sua obra adaptada num (bom) filme? Será pelo dinheiro?
Será porque os direitos nem lhes pertencem, mas às editoras, que fazem deles o que entendem?
Nao compreendo.
Nao quer dizer que me oponha - porque nao sei o que é ser um grande autor, no terco final da vida - mas nao compreendo. Nao me entra na cabeca. Consigo discernir alguns dos motivos que levam a um acto destes, mas nao compreendo totalmente como se pode tomar tal decisao.
É uma desgraca.
Isto sim, é uma desgraca.
Finalmente, Disgrace alcanca a sua maturidade semantica.
Saturday, January 24, 2009
Scott. Brad. Cate.
The Curious Case of Benjamin Button apresenta-me pela primeira vez um verdadeiro dilema, porque ver Brad Pitt e Cate Blanchett no mesmo filme pode, possivelmente, ser melhor do que ler uma short-story do F. Scott Fitzgerald. (Ver Brad Pitt e Cate Blanchett no mesmo filme é melhor do que muita coisa, e ler uma short-story do F. Scott Fitzgerald, apesar de tambem ser, é melhor do que menos coisas, em comparacao. Daí o dilema).
Penso que idealmente deveria sentar-me numa livraria com um café a frente e despachar as 100 páginas da short-story antes de ir ver o filme. Acho que é a decisao mais acertada.
Seja como for, o que me está a preocupar nem é a questao de como resolver este dilema, mas o facto de o dilema existir porque, isso sim, é o dilema em si. Sempre achei que a minha política de "literatura > cinema" e "original > cópia" era inquebravel e agora estou aqui, feito estúpido, com um problema numa mao, a solucao na outra, e insatisfeito na mesma.
Ha problemas que, mesmo uma vez resolvidos, nos continuam a assustar. O problema nao é resolvido pela solucao, porque o problema é, mais do que tudo, a existencia do problema, e nao apenas o conteúdo do problema em si.
(Posso explicar isto melhor por telefone, se alguem precisar mesmo.)
mANICOMIO
Ja nao restam duvidas de que ando a ser perseguido.
Troca de mensagens entre Ela e Eu hoje de manha (ou, chamemos-lhe, no pos-acordar), depois de termos todos ido sair a noite ontem.
14.36, ela
15.46, eu
- Dormi bem, e tu? (Finjo que nao percebi a pergunta, evitando mostrar-lhe que estou acordado e pronto para mais um dia o que, na sua cabeca, significa disponivel para a aturar)
15.50, ela
- Tambem dormi bem, estou na piscina. Queres ir dar uma volta, ou ir comer qualquer coisa?
15.58, eu
- Ja comi. (Que horror. Estou-me a degradar. Onde é que eu deixei o charme?)
16.07, ela
- Bom, eu tambem ja almocei, mas estava a pensar irmos mais logo..
17.52, ela
- Oi, vou beber uns comos com a Joanne, queres vir? Ou podemos ir comer qualquer coisa, antes.
Estou a pensar fugir de Singapura.
Friday, January 23, 2009
mATRIMÓNIO
Devido ao que presumo ser um erro de concepcao - uma daquelas infelizes mal-formacoes geneticas, como nascer com tres olhos, ou sem uma mama - ha sempre um ou outro pequeno detalhe que me impede de ser totalmente feliz.
Neste momento, o stress é uma tipa da minha empresa que por azar tambem foi mandada para Singapura e que, como eu, veio para ca sem conhecer ninguem. O problema é que, ao contrario de mim, ela está convencida de que nós, nao só somos amigos, como somos daqueles amigos para quem a concepcao de "um dia feliz" nao faz sentido sem ter o outro ao lado.
Nada disto seria muito problemático num cenário com um numero apenas razoavel de coincidencias, mas neste caso as cartas estao todas nas maos dela, porque nao só fazemos parte do mesmo Programa Internacional na empresa, como vivemos a 10 metros um do outro no mesmo prédio e - isto continua - trabalhamos no mesmo andar e para o mesmo chefe!
Se eu fosse um grande filho da puta - que nao sou - conseguia dar a volta a isto tudo com um ou outro grunhido de cada vez que ela me viesse convidar para almocar, jantar, tomar o pequeno-almoco, beber um café, sair a noite, ir as compras ou jogar tenis ("Sai daqui!"), mas quis o meu infortúnio que ela e eu herdássemos o grupo de amigos por intermédio de uma amiga comum (tambem do nosso programa), pelo que, nestas primeiras semanas, planear algum tipo de interaccao social sem ela acaba sempre na desagradável surpresa de i) ela tambem vir e ii) ela saber que eu nao a convidei para ir.
Obviamente ela ainda nao percebeu nada disto, e continua a desafiar-me para um sem numero de programas, que infelizmente revelam a concepcao de "uma vida a dois - tu eu" com que ela está a construir a sua estadia em Singapura na sua cabeca.
- Deviamos ir ao Vietname no proximo fim-de-semana comprido! (Deviamos?)
- Ao Vietname? Ah. É giro? (Como se eu nao soubesse tudo sobre o Vietname e nao estivesse doido para la ir sem ela)
- É! Nao sabias? Hanoi é brutal! Podiamos ir sexta a noite e voltar domingo a tarde, ja vi uns voos baratos.. (Podiamos?)
- Ah sim, sao baratos? Mas ouve lá, aquilo por lá tá um bocado calor a mais nao ta? (Nao so a tentar desviar o tema dos voos, como a tentar explicar que o Vietname nao é água para o meu copo. Nao está calor nenhum no Vietname.)
- Achas que sim! Está optimo. Mas ouve, a alternativa era irmos ao Laos. (Irmos?)
- Ah sim, acho que o Laos é giro. É um bocado longe. (A tentar repetir a estratégia). Eu se calhar vou ficar cá sabes? (A tentar nao só mostrar que nao a incluo nos meus planos, utilizando a primeira pessoa do singular, como a mostrar-lhe que vai ter de viajar sem mim)
- Ah sim, ficar ca tambem era giro, fazemos uns passeios pela cidade, ou assim! (Definitivamente nao está a compreender o meu enfado)
- Pois acho que isto é giro por aqui. Tambem sou capaz de ir visitar um amigo meu a Shanghai (Obrigado por existires enquanto desculpa, Tó.)
- Ah que giro! Adorava ir a Shanghai. Ainda por cima se temos lá casa, ainda melhor.
Foi nesta altura que fingi que estava a engasgar-me com um golo de café e mudei o assunto para a temperatura do café em Singapura - inventei uma barbaridade qualquer que relacionava a temperatura do ar com a do café, de tal forma inconsequente que ela compreendeu que já nao havia lugar para mais Razao naquela conversa e voltou para a secretária.
Isto está-se a tornar um bocado desagradável porque acontece todos os dias. Convites para almocar, convites para jantar, convites para sair.
Dia 1:
- Did you have lunch yet?
- No.
- Do you wanna go now?
- Ok
Dia 2:
- Did you have lunch yet?
- No
- Do you wanna go now?
- Hum actually I'm not hungry..
- Ok, I'll be back in 30 minutes and we go ok?
- ...Ok
Dia 3:
- Did you have lunch yet?
- No.
- Do you wanna go now?
- No. Actually I'm in a hurry. I'll just grab a sandwich.
- Ah ok! Well me too, then! Let's go.
- ..Ok.
Dia 4
- Did you have lunch yet?
- No.
- Do you wanna go now?
- No
- Oh. Ok. 15 minutes?
- No.
- So when?
- I don't know. I'm not very hungry.
- Do tell me when you wanna go.
- Well maybe I won't have lunch today you see..
- Ah really? You're not hungry?
- Not yet.
- Ok. Tell me when you go, and we go.
- ...Ok
Dia 5:
- Did you have lunch yet?
- No
- Do you wanna go now?
- No I can't, I'm on a hurry.
- Ah me too, let's just grab a sandwich.
- No, I really need to finish this. I'll go later.
- A sandwich is really quick. Come, let's go! You need to eat something.
- I really can't!
- Actually I'm not very hungry either.
- Ok.
- Look, when you finish that, let me know and we'll go.
- I might not finish until four..
- Ok, come by my desk at four and we'll go for a sandwich.
- ..Ok
Dia 6
- Heyy, hung over from the weekend?
- Yeah...
- That was fun huh?? I had a lot of fun!
- Yeah, was good fun..
- So, did you have lunch yet?
- No
- Let's go?
- No.
- Why not?
- ...
- ...
- ...
- Ok tell me when you wanna have lunch and we go
- ...
- ...
- ...
- Ok, see you later!
Ela nem é necessariamente desagradável ou antipática, até é uma pessoa - excluindo o facto de falar demais e sem fazer perguntas, isto é, expor os seus pontos de vista sem querer saber os meus - relativamente adorável; se nao quisesse estar comigo todo o tempo até podiamos ficar amigos e fazer alguns programas, mas esta dependencia dela anda-me a matar. Tenho sérios problemas quando alguem depende emocionalmente de mim, e se é alguem por quem eu nao sinto o minimo afecto, a coisa comeca-me a desequlibrar o estado de espirito, porque fico sem maneira de escapar. Hoje apareceu-me a secretária as 6:30, como de costume:
- Heeey
- Hi. (Nesta fase do campeonato, geralmente ja so lhe falo como monossilabos)
- I'm going home..
- Ok.
- Hey give me a call when you come home. (Eis o eterno desejo das mulheres solitárias de construir artificialmente aquilo que mais se aproximar de uma vida em conjunto. Como se vivermos no mesmo predio nos fizesse viver no mesmo apartamento)
- Why? (Acho que, à excepcao de quando fui directamente rude, nunca tinha sido tao antipatico com ninguem)
- Well...we can have dinner or so.
- Well I'm not gonna eat tonight. (Que barbaridade.)
- No?? You are not eating?? Well perhaps we can hang out after dinner then..
- Ah yeah..well you know, actually, I'm going out with Pete and Kate..
- Oh cool! I'd love to go out.
- Oh. Well. (O Pete e a Kate sao os nossos amigos comuns). Why...ahm...(merda, tou encurralado)..why dont you come?
- Yeah, awesome! Should I be at your place by ten or so?
- Oh..well, why don't you call Pete? He's organising (esta jogada de mestre transfere sub-conscientemente para o Pete a responsabilidade de ir sair a noite com ela, apesar de eu tambem la estar enfiado no grupo e apesar de eu e ela partilharmos o mesmo táxi)
- Ah perfect! Well, see you later. Give me a call for dinner!
- I won't have dinner!!
- Ah ok..well give me a call after, then!
- ...
O problema nisto tudo é que nao estou bem a perceber como me vou escapar disto. Por exemplo este fim-de-semana queria-me pirar para a Indonesia mas nao consigo ir sem lhe dizer nada, porque teria sempre de dizer ao Pete, que é o meu bom amigo por cá, e ela e o Pete tambem sao bons amigos, e se eu disser ao Pete sem lhe dizer nada ela vai ficar muito chateada e nunca mais me vaiquerer...ver a frente...
...isto afinal..é capaz de nao ser assim tao má ideia.....
...vou-me mas é enfiar num ferry para a Indonesia amanha...é isso ou ir tomar o pequeno-almoco com ela..porque me vai bater a porta ao meio-dia...
Bom. Tá a tocar o telefone. Quem será?...
... Bom, tinha que ser, nao é.
Que chata pá.
Thursday, January 22, 2009
the quiet american
Eu nao vejo, porque sou o Sujeito da observacao em si, mas a imagem de mim a atravessar ruas e estradas, Singapura fora, avenidas abaixo e acima, as duas maos a segurar um livro e os olhos presos nas paginas enquanto as pernas, em calcas cinzentas-escuras, carregam o resto do corpo entre prédios, arvores tropicais e massas de gente, deve ser maravilhosa para quem a ve, e ainda melhor para quem se questiona.
Monday, January 19, 2009
Consuela
Praticamente só vejo filmes em avioes. Voo pouco. Nem sempre que voo, vejo um filme. Vejo, portanto, muito poucos filmes. Mas há uma semana fiquei preso durante uma maravilhosa hora num filme chamado Elegy que infelizmente foi interrompido quando nos aproximávamos de Singapura. Felizmente, fui a tempo de perceber que era baseado num livro do Philip Roth, embora tenha demorado uns dias a ir à procura numa livraria. Quando o tive nas maos, comprei imediatamente esta obra-prima que The Dying Animal está a aparentar ser.
É estranho ficar vidrado num filme e depois ir à procura desse encanto no provavelmente grande livro em que o filme se baseia. Nunca vejo filmes baseados em livros de que gosto, mas que reaccao posso ter, agora, ao ler um livro que dá origem a um filme que adorei?
Acho sempre que uma segunda-obra-de-arte baseada numa primeira-obra-de-arte tem inerente uma irremediável opacidade criativa. Quando essa segunda obra é criada num meio diferente (como adaptar um filme, em livro), geralmente tendo a sentir uma aberrante perversidade, porque se já me é difícil conceber que o exorcismo da Criacao possa ser reproduzido, por outrem, com qualidade, ve-lo repetir-se numa matéria diferente aparenta-se-me um exercício quase exclusivamente estético.
É, pois, com algum cuidado, que abordo este livro, pois estou agora a reverter ao original, mas infelizmente já influenciado pela cópia. A essencia que apreciei no filme pode nao estar no livro, mas se no livro encontrar outra essencia com a qual me identifique, entrarei no dilema de constatar que uma segunda-obra-de-arte (aqui, o filme) pode, embora baseada numa primeira-obra-de-arte (o livro), quebrar a barreira da sua própria identidade e sobreviver per se.
Mudando ligeiramente de assunto, aqui fica o primeiro parágrafo, que explica porque é que, mesmo sem filme, o livro é evidentemente uma deliciosa razao para viver mais um dia:
I knew her eight years ago. She was in my class. I don't teach full-time anymore, strictly speaking don't teach literature at all - for years now just the one class, a big senior seminar in critical writing called Practical Criticism. I attract a lot of female students. For two reasons. Because it's a subject with an alluring combination of intellectual glamour and journalistic glamour and because they've heard me on NPR reviewing books or seen me on Thirteen talking about culture. Over the past fifteen years, being cultural critic on the television program has made me fairly well known locally, and they're attracted to my class because of that. In the beginning, I didn't really realize that talking on TV once a week for ten minutes could be so impressive as it turns out to be to these students. But they are helplessly drawn to celebrity, however inconsiderable mine may be.
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