Saturday, January 24, 2009

Scott. Brad. Cate.

The Curious Case of Benjamin Button apresenta-me pela primeira vez um verdadeiro dilema, porque ver Brad Pitt e Cate Blanchett no mesmo filme pode, possivelmente, ser melhor do que ler uma short-story do F. Scott Fitzgerald. (Ver Brad Pitt e Cate Blanchett no mesmo filme é melhor do que muita coisa, e ler uma short-story do F. Scott Fitzgerald, apesar de tambem ser, é melhor do que menos coisas, em comparacao. Daí o dilema).

Penso que idealmente deveria sentar-me numa livraria com um café a frente e despachar as 100 páginas da short-story antes de ir ver o filme. Acho que é a decisao mais acertada. 

Seja como for, o que me está a preocupar nem é a questao de como resolver este dilema, mas o facto de o dilema existir porque, isso sim, é o dilema em si. Sempre achei que a minha política de "literatura > cinema" e "original > cópia" era inquebravel e agora estou aqui, feito estúpido, com um problema numa mao, a solucao na outra, e insatisfeito na mesma.

Ha problemas que, mesmo uma vez resolvidos, nos continuam a assustar. O problema nao é resolvido pela solucao, porque o problema é, mais do que tudo, a existencia do problema, e nao apenas o conteúdo do problema em si.

(Posso explicar isto melhor por telefone, se alguem precisar mesmo.)
 

7 comments:

Morales said...

O problema é a existência do problema?

Problema seria a existência do problema acompanhada da inexistência de solução. lol

Concordo com a solução que encontraste. Já vi o filme e recomendo-o (vale o q vale...lol).

R. said...

Pelo que li o filme não tem nada a ver com o livro. Parte dele, mas muda completamente a história. Logo, e apesar de eu normalmente não o recomendar. nem o fazer, vai ver o filme. Eu vou. E leio o livro daqui a uns 5 anos, quando já nem me lembrar do filme.

Esse problema estou a tê-lo com o Revolutionary Road, do Yeats. Acho que vou ter mesmo que ler o livro. Mas não o tenho logo preciso de o comprar. A a edição disponível nas livrarias é aquela terrível, com uma imagem do filme na capa. Não consigo comprar um livro assim. E isto sim, é um problema.

El-Gee said...

P, o problema é que eu pareco estar a ficar confortavel com ver o filme primeiro (pelo menos neste caso) e este sentmento, que nao consigo evitar, preocupa-me ligeiramente.

Rita estás com uma desgraca em maos. Tambem odeio comprar livros com a capa do filme na capa. o primeiro "The Dying animal" tinha o Ben Kingsley e a Penelope na capa. Tive de mudar de livraria. Ja agora, nao te iludes. Eu vi "The Quiet American" ha talvez uns 5 anos e ontem so conseguia ver o soberbo Michael Caine na cara de Fowler e o Brandon Fraser na cara do Pyle. Alias, agora que estou a ler o livro, faco uma venia a magica interpretacao do Brandon Fraser nesse filme.

Binhas said...

E mais uma vez vejo alguém usar, o que para mim deve ser das frases revolucionarias de 2008... " Vale o que vale ". O filme vale o que vale.

Esse casaco vale o que vale. Esse carro vale o que vale. Esse telemovel vale o que vale. Esta frase nao vale o que vale!

Frase irritante!

R. said...

Obrigadinha, Luís, obrigadinha. Eu não vi o filme. Eu queria ler o livro. E agora também eu vou sempre ver o Michael Caine quando o ler. Bolas.

El-Gee said...

Isso tá grave - so pelo facto de eu mencionar o Michael Caine vais ve-lo a toda a hora no livro? Isso ja nao acho compreensivel.

(Olha, se te serve de ajuda, imagina antes a cara do proprio Graham Greene, ate porque i) o livro é narrado na primeira pessoa e ii) o Graham Greene tambem foi correspondente em Saigao. Assim pelo menos fazes confusao entre Graham Greene e Michael Caine na tua cabeca, e pode ser que acabes por ler o livro com alguma independencia visual.)

(Quanto a Alden Pyle, imagina uma versao east coast do Bush, se quiseres evitar a risca ao meio do Brando Fraser.)

(Mas, insisto, nada disto deveria preocupar-te, se nem sequer viste o filme. Sao dois personagens sublimes. Tenho a certeza de que vais conseguir recria-los por ti.)

RR said...

O Benjamin Button é, independentemente da ordem que venhas a seguir, um filme soberbo.