Monday, February 19, 2007

What drives you, Mr. Archer?

Blood Diamond



- How old are you, Mr. Archer?

- 31

- Do you have wife and children?

- No.

- And do you have money?

- Yeah, some.

- But not as much as you want..?

- No.

- Will the diamond allow you to have as much money as you want?

- Probably, yes.

- And will you have a wife and children then?

- Probably not.




- Why are you laughing?

-You left me puzzled, Mr. Archer.


11 comments:

filipe canas said...

Fui ver esse filme ontem á noite.

Muito sinceramente não sei se gostei ou não. Esse diálogo é sem dúvida o melhor do filme.

Na verdade até sei. Não gostei.

Não é mau de todo. Melhor do que muito que se vê por aí.

No entanto, em primeiro lugar, e de forma mais fútil, dispensava a o romance entre o Archer e a Jornalista. Não vale a pena. Pelo reduzido tempo que consome é ridículo meter um romance ali pelo meio. É só mesmo porque o Leonardo di Caprio tem que ter um romance qualquer.

Em segundo lugar não gostei particularmente do carácter da violência. Claro que tem cenas muito violentas. Especialmente ver os miúdos a matarem toda a gente e a serem indoctrinados. A beber e a drogarem-se.

Mas a maior parte da violência do filme são tiroteios e explosões. Cidades a arder e metralhadoras.

Claro que essa violência é horrenda e acontece em África. Mas o dia a dia é que é o mais violento. O filme reproduz essencialmente o que vemos nas noticias - quando os rebeldes tomam Mogadíscio ou Freetown ou Monróvia.

São as pequenas violências diárias as que mais marcam, as que mais causam dor e sofrimento.

É por isso pena, na minha opinião, que o filme opte por mostrar isso, o que vemos na RTP 1, na SIC e na CNN, em vez de mostrar a miséria e violência dos outros 364 dias do ano.

Miséria essa, escusado será dizer que também é causada pelos Diamantes.

Porque é nisso que devemos pensar –e nesse sentido o filme em nada ajuda. Apenas continua o mau trabalho das televisões.

Mas se calhar peço mais de um filme que serve essencialmente para entreter.

Espero, no entanto, que não seja apenas eu.

P.S.

O filme fez-me ainda pensar em Diamantes. Que merda de pedra.

Porquê tanto valor para uma pedra (mesmo que não matasse ninguém)?

É o arquétipo da futilidade de uma construção social. Em si não vale nada, mas as pessoas gastam fortunas para ter.

Vânia Monteiro Dias said...

quero ver este filme.. gostaste? *

El-Gee said...

Eu gostei do filme.

Esperava algo mais introspectivo, mais romântico, mais europeu, mais dilemas pessoais. Não esperava tanta acção, tiros, barulho e sangue.

Acho que o filme cumpre muito bem o propósito de nos entreter ao mesmo tempo que retrata o que foi a guerra civil na Serra Leoa, mas parece-me que o próprio argumento é apenas razoável. É uma história média, num cenário muito bom.

Seja como for, é um filme muito cru e real. Quem viu as fotografias do World Press Photo de há uns anos (e outras) vai-as rever neste filme. A mim a guerra na Serra Leoa desde sempre me impressionou mais do que qualquer outra. Pessoalmente, este filme tocou-me muito, mas nunca diria que fosse um grande filme.

E independentemente das pequenas americanadas, acho que as personagens estão bem definidas e são boas caracterizações dos grupos de pessoas que pretendem representar.
Finalmente, o drama dos soldados-criança está muito bem abordado. Muito muito bem. Para um filme que não se centra nessa temática, acho que seria difícil fazer melhor.

E mesmo para quem, como eu, não estava à espera de um filme de acção, vale sempre a pena pagar o bilhete de cinema para ver um actor americano falar o inglês do Zimbabué com aquela perfeição.

Por falar nisso, já conheci vários zimbabueanos brancos, e sempre que me cruzo com um pergunto-me como pode aquela pessoa de ar e educação irrepreensivelmente britânicos ser do Zimbabué. E pergunto-lhes sempre. “So, do you feel african, or half-english?” E eles olham-me – sempre, mas eu continuo a não resistir a fazer-lhes a pergunta – com olhos muito espantados e dizem: “Luis, I am african. I’ve never been to England.” Portanto do que conheço, acho que o Di Caprio faz um papel perfeito.

Amarcord said...

Acho que o filme vive em grande parte do papel de di Caprio e das paisagens que mostra. Se alguém o estava a adiar para DVD, que deixe de o fazer.

Por acaso tb achei o diálogo q escolheste um dos melhores momentos do filme, é muito real a parte em q o Solomon fica às escuras em relação ao modelo de vida do Danny.
De facto, em África, e eu falo em relação às mulheres sobretudo, aquelas que chegadas aos 20's não têm homem nem filhos (dele), suscitam grande desconfiança em relação à sua integridade e utilidade. Isto pq os motivos (?) que levam o Hemisfério Norte a dilatar isso no tempo, lá, pura e simplesmente não existem.

Eu vou mais longe em relação à amostra de romance: ou se fazia uma coisa a sério (era interessante ver como é que um tipo com o instinto de sobrevivência, egoísmo e a falta de escrúpulos de Danny, lidava com o amor) ou se tratava a jornalista como algo instrumental, como parece acontecer. Se Danny não tivesse ninguém a quem telefonar naquele momento, o drama seria, quanto a mim, muito maior.

Como não podia deixar de ser, a comparação do costume, (shame on me, eu sei!!): para filme sobre a guerra civil em África, Hotel Rwanda.

El-Gee said...

Concordo com quase tudo o que disseste, mas acrescento que essa questão da família e filhos a partir de uma certa idade não é só em África: passa-se em todos os países em vias de desenvolvimento, por diversas razões, principalmente porque os filhos são o principal viveiro de força de trabalho para as famílias. (Mas também porque em economias de sobrevivência, o único prazer que um adulto retira da vida é o amor da família e a sua protecção.) E por acaso, apesar da independência intelectual que todos advogamos, também nos países desenvolvidos há uma pressão social para a constituição de família. Se calhar não aos 18 anos, se calhar aos 30. Se calhar não para ter filhos e pô-los a trabalhar. Se calhar também sem amor. Mas há.

Já agora, realmente não gosto nada dessa tua maneira de comparar os filmes. Acho que os filmes, como os livros, não são comparáveis. Não há (na minha opinião) filme melhor ou pior sobre uma guerra civil em África. Aliás, a guerra civil é apenas um sub-tema dos dois filmes em questão.

Mas, se insistes muito (e nisto eu insisto): o filme que mais me tocou sobre o Ruanda foi o "Shooting Dogs", que recomendo neste blog - com este comentário - pela terceira vez.

Já não vos aviso mais vez nenhuma!

Unknown said...

O filme ainda não vi.. mas a música fez-me viajar!***

m said...

Ainda não vi o filme, mas apesar de o meu amor por África e do meu amor por filmes americanos (blockbusters) ser dos mais gigantes, este irei ver com toda a certeza.

(Achei graça a essa história dos zimbabueanos... faz-me lembrar um bocadinho meu pai que estudou num colégio inglês (também com grande influência germânica) na Namíbia, inclusivé na época do apartheid... e tinham uma vida e educação completamente europeias.)

Maria Strüder said...

Eu quero ver o Hannibal!!!!

El-Gee said...

o teu pai deve ter umas histórias giras para contar..

uma das pessoas mais interessantes que conheci na vida era um tipo do Zimbabué que viveu na África do Sul durante o apartheid. Essas pessoas como ele (e o teu pai, presumo) dão-nos uma noção da História em paragens remotas, que os nossos livros de escola e os nossos amigos de cá não nos podem dar.

m said...

no comment anterior, na frase do "amor gigante" enageni-me e esqueci-me de escrevê-la na negativa, portanto o q queria ter dito é q não tenho um amor gigante nem por África nem pelos ditos filmes americanos, mas apesar do engano acho q até deu pa perceber q era esse o sentido q queria aplicar.

O meu pai não esteve lá muitos anos, mas já me contou imensas histórias.
O q os poucos portugueses q lá estavam notavam grande diferença era o facto de poderem consumir coca-colas e comer chips de pacote... coisas q só vieram a aparecer por cá muuitos anos depois. Isto é um pormenor engraçado.
E claro que todo cenário do apartheid traz várias memórias ao meu pai.
Mas a sua vida lá enquanto estudante num colégio na Namíbia, era completamente europeia... jogava-se cricket, futebol, rugby, hoquei em campo, davam-se festas ao som de Beatles e rock/soul americano, os amigos eram ingleses, alemães e holandeses.

Sara said...

Adorei este e o Hannibel também!!!