Saturday, October 06, 2007

Wake up

Cada vez perco menos tempo a dormir.
Há dias em que nem consigo adormecer, com ansiedade que o dia seguinte chegue.
E há dias em que, mesmo que me tenha deitado tarde, mal acordo, seja a que horas for, não consigo dormir mais.
Mas isso são pormenores, porque eu acho que até gosto de dormir.
Mas é aquela alegria da luz pela janela, do cérebro em movimento, do movimento na rua.
Vida lá fora.
Isso é que não me dá vontade de dormir.
O Mundo que não se desperdiça, com mais uma hora de sono......!!
Assumindo que se está na cama sozinho, não faz sentido nenhum perder lá muito tempo.

8 comments:

Carminho said...

Como nao parar para reler este post? Como nao, perder tempo acordado para sonhar esta alegria angustiante - a de estar vivo e de nao querer perder tempo.

Ha ideias que,escritas, materializam aquilo que sentimos e por isso mesmo compoem a nossa estante do quarto.

E quando leio essa estante sinto "pequenos arrepios que me segredam ao ouvido "isto que aqui se passou foi bom e valeu a pena ter acontecido."

Anonymous said...

E acordar, ainda de pijama, puxar uma cadeira para a varanda e ficar ali... a observar o que nos rodeia com a chavena de cafe na mão?

Anaitsirc said...

Assino por baixo. Desde que comecei a trabalhar que me vi obrigada a redefinir o meu tempo e as minhas prioridades. Percebi que, tendo em conta o número de horas que passo em frente ao PC, as restantes horas teriam que ser qualitativamente mais bem ocupadas. E então adoptei um lema um pouco egoísta, mas de algum modo eficaz: "Não faço fretes". Passo pouco tempo a fazer coisas que me desgostam ou com pessoas que me acrescentam pouco. Ao Sábado, durmo pouco...e vou cumprir as horas dos 2/7 mais curtos dias da semana. Aulas de surf, corridas, almoços, idas à praia, ao Minho, ao Centro, ao Sul, lanches de fim de tarde, livros que se acumulam na mesinha de cabeceira (para que nenhum me falhe....), filmes encadeados no pensamento (para que não me esqueça de os ver...), jantaradas, saídas, manhãs, tardes, uma sucessão de períodos de tempo sem pausas, nem momentos de redefinição...só porque a cada segundo tudo muda, se redefine e me faz ser quem sou. Às vezes, lá me obrigo a um sono retemperador, para depois recomeçar novamente a "viagem". Obrigada L. pelas tuas deliciosas palavras.

O melhor post de chocolate do mundo! said...

Assumindo que se está na cama sozinho, dormir continua a ser puro prazer. [Ainda que perca o movimento lá fora. Ainda que as horas escorram de vida. Ainda que se assuma que se está na cama sozinho.]:)

TRA said...

discordo!
é certo que o teu corpo e a tua cabeça precisam de dormir para funcionarem no máximo da sua capacidade. e que mais aproveitarás o teu dia se estiveres no teu máximo.

mas nem vou por esse caminho, demasiado óbvio.
baseio-me nas "coisas pequenas".

e estares sentado na tua cama a fazer o que seja antes de te deitares e quando vestes o pijama(boxers e t shirt, camisa de noite, nada, o que seja) e metes-te na cama e ela já está quente de quando estavas sentado nela?

e quando esticas os pés até ao fundo da cama, sentes que está gelado e voltas a por os pés na zona já quente?

quando te deitas e ficas a fazer mil filmes na cabeça, enquanto olhas para as luzes e sombras que se reflectem na parede?

quando acordas e te espreguiças até que doa e continuas deitado na cama repetindo o espreguiçar dor-alívio vezes sem conta dando-te vontade de rir.

e acordares ainda com sono com uma vontade de rir-te de algo que sem dúvida teve graça minutos antes, que já não te lembras mas mesmo assim tás com um ataque de riso contido pela falta de reflexos e autonomia dos teus músculos? e meia hora depois, já fora de casa ainda te vais a rir e a morrer de vontade de estar a dormir para saber O QUE RAIO era a piada?

e acordares sozinho e veres que ainda podem ser duas horas mais e vives ainda mais atento o teu entorpecer?

e teres tido um desses ataques de boa-disposição pós sono ou um sonho que te fez mudar o dia?

e dormires uma sesta? aquela coisa que morreu há tantos anos?

e quando fazes mesmo por ficares acordado mais tempo na noite ou no que seja para que te saiba ainda melhor o momento em que chegares à tua cama, e sim, sozinho?

parecerá muito estupido? veio-me uma série de "momentos pequenos" que de tão bem que souberam ainda me lembro. (o mais recente foi o do ataque de riso. que maior ainda foi porque estava num retiro de silêncio e meia hora depois não sabia como não me rir ao pequeno-almoço,com tudo calado em meditação).

"só há uma maneira de seres feliz, com o que tens e o que és, agora."

isto aplicar-se-á a essa tua filosofia insónica talvez, ou então à de que nessa ânsia de quereres aproveitar passes por cima de muitas ocasiões de felicidade. a de estares no carro à chuva também pode ser vivida a dormir.
digo mais.o que souber aproveitar e ser feliz nas horas mais estagnadas do dia, muito mais conseguirá nas outras!

pronto. divaguei que chegue, chegou a tornar-se e a tornar-se de novo chato. martelei ao lado e desconversei. passo a calar-me.
vou à vida!

e com esta, boa noite que é para a cama que vou mesmo! hehe

Anaitsirc said...

Apesar do "frenesim" que descrevi acima, há algo que adoro fazer. Imaginar a cidade a dormir. A comunidade. O deitar é efectivamente todo um "ritual". O assumir que é hora de dormir, o abrir a cama, o vestir o pijama...no Inverno a botija de água (sim, sou addicted). Afinal, dormir pode ser um prazer. I´m on my way...

inespimentel said...

Eu sou daquelas que não sente o sono como uma perda de tempo!
É uma "outra forma de vida";
com o ritmo que levamos existe a tendência para acreditar que as horas de sono podem ser reguladas segundo as nossas conveniências!
Não acredito que seja tanto assim; mais cedo ou mais tarde as horas de sono que recuperámos para viver, aparecem, muitas vezes,a causar distúrbios inimagináveis.

Bernardo Theotónio Pereira said...

Gostei deste post.

O que dizes é de facto uma preocupação que todos, à medida que avançamos na caminhada da vida, forçosamente, temos.

Contudo, não concordo com esta perspectiva da Noite/durmir.

Claro que a vida é única e devemos aproveitá-la e gozá-la ao máximo, nunca esquecendo que o momento ou o segundo que passou nunca mais se voltará a repetir. Que cada momento é único,e por isso especial.

Mas támbem temos de ter a flexibilidade e intelegência de conhecer os limites e a nossa capacidade. Tal como tudo, também nós, precisamos de recarregar baterias.

Mas não o fazemos de forma a derperdiçar algo único e especial, mas para conseguir ter capacidade, vontade e garra para disfrutar todos os momentos do próximo dia.

Durmir, é mais do que um momento inútil a sós. É o momento certo para estarmos connosco, para nos conhecermos, pintando vários quadros sobre aqueles assutos que pensávamos já não nos preocupar.E no meio de tudo isto, ainda nos conseguimos "preparar" para "aquele" momento/dia único que certamente virá.

Vejo a noite como um "ser" e não como aquele "ter de ser" de que falavas.