Tuesday, September 05, 2006

Sete Anos no Tibete


"À medida que nos aproximávamos, o Potala agigantava-se à nossa frente. Por enquanto não conseguíamos ver nada da cidade em si, que ficava por trás das colinas sobre as quais se erguiam o Palácio e a Escola de Medicina. Avistámos então um enorme portão coroado de três Chörten que cobriam o espaço entre as duas colinas e formava a entrada para a cidade.

A nossa excitação era intensa. Agora íamos com certeza saber qual seria o nosso destino. Quase todos os livros sobre Lassa relatam a existência de sentinelas que guardam a entrada da Cidade Sagrada.

Aproximámo-nos com o coração aos pulos. Mas não havia nada. Nem soldados, nem posto de controlo, só alguns mendigos com as mãos estendidas a pedir esmola. Misturámo-nos com um grupo de pessoas e caminhámos livremente através do portão para dentro da cidade. O nosso condutor disse-nos que o grupo de casas à nossa esquerda era só uma espécie de subúrbio e por isso continuámos através de uma área descampada, aproximando-nos cada vez mais do centro da cidade.

Não pronunciámos uma palavra, e até hoje não consigo encontrar termos para descrever a intensidade das nossas sensações. As nossas mentes, exaustas pelas provações que tinhamos passado, não conseguiam absorver o choque de tantos e tão fortes sentimentos."

Heinrich Harrer, alpinista austríaco fugitivo de um campo de prisioneiros inglês na índia durante a II Guerra Mundial, avistando finalmente a Cidade Proibida de Lhasa, após 21 meses e 30 montanhas, antes de se tornar, junto com o seu companheiro Peter Aufschnaiter, um dos 10 estrangeiros de Lhasa e amigo e mentor do 14º Dalai Lama, que hoje lhe sobrevive

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