Thursday, August 03, 2006

Ricardo Sousa

Comenta alguém chamado "Ricardo Sousa", no Abrupto, blog do Pacheco Pereira:

"Confesso que me incomodam alguns comentários de leitores do Abrupto que na minha opinião fazem uma leitura muito ligeira do que se passa no Líbano. Como se vê pelos vários comentários, opiniões e “notícias” é cada vez mais difícil a uma Democracia fazer a Guerra. Há até quem defenda que a barbárie não depende dos actos, mas antes da condição de quem os pratica.

Pode hoje um regime democrático defender-se de um ataque terrorista? Ou de uma acção militar? Sabemos que qualquer guerra implica actos violentos, bárbaros, massacres se quiserem e quase sempre provoca vitimas inocentes e que nada têm a ver com o conflito. Houve demasiados exemplos durante o século XX para que alguém ache que uma Guerra pode não ser assim. É por isso legítimo colocar a questão; pode um regime democrático cometer actos de barbárie mesmo em legitima defesa? Se pode, então há quem questione se de facto o regime é ou não democrático; se não pode, então a democracia está impedida de existir quando é atacada.

A resposta à questão parece-me evidente. Uma Democracia deve poder defender-se com todos os meios ao seu alcance quando é atacada. Não obstante tentar evitar ao máximo atacar quem nada tem que ver com o conflito, sabe contudo, que quando inicia a sua defesa vai inevitavelmente causar sofrimento, cometer barbaridades e com probabilidade elevada vitimizar, massacrar inocentes. É isto a Guerra.

É importante que não nos esqueçamos destes “detalhes” quando nos apressamos a condenar Israel pelos ataques ao Sul do Líbano. Têm sido usados os mesmos adjectivos para analisar os actos terroristas do Hezbolla, que matam inocentes de forma deliberada, dos ataques de Israel às posições do grupo terrorista que mata inocentes de forma acidental. Só espíritos malévolos e pouco dados à análise concluem que Israel atacou postos das NU e matou inocentes em Qana de forma deliberada. Como é evidente isso só prejudica a posição política de Israel. Os pressupostos dos ataques do Hezbolla e de Israel não se confundem. Os primeiros visam o terror e o extermínio e por isso o objectivo principal é atacar alvos civis; os segundos têm como objectivo criar uma zona tampão que evite os bombardeamentos às cidades do Norte de Israel e por isso actuam sobretudo sobre as posições do grupo terrorista. O que também toda a gente conhece é que o Hezbolla se refugia junto de civis para evitar os ataques do exercito israelita. Só isto já demonstra o carácter sinistro deste tipo de actuação, que para tirar dividendos políticos não se importa de pôr em risco as populações compatriotas."

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