Friday, May 19, 2006

Uma análise rigorosa

Escreve Constança Cunha e Sá no "Público" de hoje, 19/5/2006:

"[...] A "verosimilhança" que grande parte dos leitores encontrou no livro [O Código da Vinci] (segundo uma sondagem, realizada em França, esta semana, um terço dos franceses acreditou nas "teses" de Dan Brown), para além de mostrar o grau de estupidificação e de superficialidade a que se chegou, entre nós, confirma uma confrangedora ignorância sobre o cristianismo e as suas origens. O problema não está no desconhecimento dos evangelhos gnósticos e dos textos heréticos [...]: está no desconhecimento absoluto de tudo; dos evangelhos gnósticos e dos evangelhos canónicos; dos textos heréticos e dos textos ortodoxos; da história da Igreja e da doutrina católica. Qualquer ser razoável, com uns rudimentos de história ou de teologia, desconfiaria imediatamente de um enredo onde o Priorado do Sião é dado como um facto, o corpo de Maria Madalena surge como o Santo Graal, as catedrais góticas têm a forma de útero feminino (para além de terem sido mandadas construir pelos Templários), o Opus Dei tem ao seu serviço "monges" albinos capazes dos piores assassínios e o imperador Constantino transforma-se no fundador do cristianismo divinizando Jesus que, até aí, seria apenas um homem, animado dos melhores propósitos. Sucede que é exactamente esta mistela esotérica, que oscila entre o sincretismo new age, o "sagrado feminino" e o fantástico mundo de um Harry Potter apimentado pela heresia e por uns pós de gnosticismo primário que tem animado o mundo e as primeiras páginas de todos os jornais. [...]"

[Nota: O texto original não está a bold]

1 comment:

m said...

... e talvez por isso (ainda) não tenha tido essa curiosidade sufocante e quase "obrigatória" de o ler.